O LabHeN realizou no Parque Nacional da Tijuca o encerramento das atividades de 2019. Nos vemos em 2020 com muito mais História Ambiental!
Categoria: reuniões
O LabHeN realiza encontros semanais, às quintas-feiras, observando o calendário acadêmico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nossas reuniões propõem discussões e apresentações sobre as muitas relações entre sociedade e natureza, contando com integrantes do grupo e pessoas convidadas. Alguns encontros estão disponíveis em nosso canal do YouTube.
LabHeN e COOPBABILÔNIA
Apresentação “O processo de reflorestamento do Morro da Babilônia”.
Encontro LabHeN – 28/11/2019
O Processo de Reflorestamento do Morro da Babilônia
Dia 28/11/19 às 14h o LabHeN terá a apresentação de Carlos Antônio Pereira, membro da Cooperativa de Trabalhadores em Reflorestamento e Prestação de Serviços da Babilônia Ltda, a COOPBABILÔNIA, para discutir o processo de reflorestamento no Morro da Babilônia.
O Morro da Babilônia, localizado no bairro do Leme, no Rio de Janeiro, é um exemplo de êxito em recuperação e manutenção de floresta urbana. Um processo que se inicia em 1995, com o projeto municipal Mutirão Reflorestamento, e posteriormente gerido pela COOPBABILÔNIA, uma demonstração de articulação e iniciativa comunitária que se fez para além do projeto iniciado pelo poder público.
O reflorestamento do Morro da Babilônia é parte de um estudo de cooperação internacional, que conta com a participação de integrantes do LabHeN, o Occupy Climate Change (OCC!). Este projeto é coordenado pelo Laboratório de Humanidades Ambientais do Real Instituto de Tecnologia em Estocolmo, Suécia, financiado pela agência FORMAS, se dedicando a investigar experiências relacionadas a mudanças climáticas.
Imagem: Vista aérea do Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira. SMH,2014.
Encontro LabHeN – 21/11/2019
Memória, agricultura e natureza nos altiplanos bolivianos: a experiência da Escuela-Ayllu de Warisata (1931-1940
O Laboratório de História e Natureza continuará suas atividades no próximo dia 21/11, às 14h. Apresentação de Bruno Azambuja Araujo, doutorando PPGHIS UFRJ e participante do LabHeN.
A Escuela-Ayllu de Warisata se instalou na província de Omasuyus, departamento de La Paz, em meio ao altiplano boliviano em agosto de 1931. Com pretensão de servir de modelo para outras localidades da América Latina e em profícuo diálogo com as escolas rurais mexicanas de Lázaro Cárdenas no mesmo período, ainda hoje é considerada um marco da educação indígena neste continente. Encravada entre as montanhas nevadas andinas e o lago Titicaca, a escola tinha como proposta aliar os saberes indígenas ligados à uma reivindicada tradição Inca e pré-hispânica com os problemas enfrentados naquele momento pelas comunidades locais, principalmente no que tange ao acesso à terra. A escola se organizava em torno de saberes práticos que envolviam desde a construção com materiais da região até o desenvolvimento pedagógico de campos de experimentação agrícola. A relação do trabalho com o ambiente bio-físico, tido como hostil, aparece de forma marcante na fonte auto-biográfica de Elizardo Pérez, um dos fundadores do projeto. Para pensarmos essa relação e o princípio pedagógico que regia a escola, veremos como essa memória bio-cultural dos povos indígenas da região estava atrelada a uma ideia de produtividade. Essa produção, além de abastecer a escola, alcançou também os mercados regionais e serviu como argumento legitimador do papel e da importância da escola perante ao estado e a sociedade boliviana dos anos 1930.
Encontro LabHeN – 14/11/2019
Considerações sobre o reflorestamento realizado na Floresta da Tijuca (RJ, Brasil) na segunda metade do século XIX
À Floresta da Tijuca é atribuída a percepção, e em algum grau já uma lenda, de que toda a sua extensão é fruto do reflorestamento empreendido por um enigmático personagem, Major Manoel Gomes Archer, e seis escravos que lhes foram fornecidos, com o precípuo objetivo de salvar a cidade do Rio de Janeiro de uma iminente crise de abastecimento d’água que se avizinhava desde o início do século XIX. A floresta atual possui, no entanto, espécies poupadas do corte, espécies cujas populações foram reduzidas localmente, espécies regenerantes e espécies introduzidas (nativas e exóticas) em um original projeto de reflorestamento iniciado em 1862 e que perdurou até o final do século XIX. É interessante destacar que mesmo a estrutura florestal atual apresenta vestígios desse plantio histórico. Este empreendimento se trata, muito possivelmente, de um dos primeiros, se não o primeiro, dessa qualidade implementado nas florestas tropicais. Essa pesquisa, através do manuseio de ferramentas típicas de diferentes áreas do conhecimento, tratando-as de forma integrada, tem como objetivo principal reconhecer evidências de áreas onde houve, de fato, o plantio de mudas, no passado, além de discutir as espécies utilizadas e o porquê. Para tal, foi necessário transitar por diversas áreas do conhecimento e utilizar variadas metodologias, desde a busca por arquivos históricos até a contagem dos anéis de crescimento. As coleções botânicas, assim como a cartografia histórica e às atividades de campo também se constituíram como etapas essenciais. A proposta é unir passado e presente, no sentido de promover o diálogo entre linhas de pesquisa de natureza e escopo teóricos distintos. Assim sendo, verifica-se a importância que a floresta em questão desempenharia à época e a necessidade de conservá-las e até mesmo reflorestá-las: regulação climática, recarga de rios, entre outros. Por fim, depreende-se que que a Floresta da Tijuca não foi reflorestada em toda a sua extensão, que os interesses para o seu plantio foram diversos e que o número de pessoas envolvidas no projeto foi superior a apenas um administrador e seis escravos.