Neste encontro, nossa colega de laboratório e mestranda em História Social (PPGHIS/UFRJ), Janaína Di Lourenço Esteves, compartilhou conosco sua pesquisa “Serão as frutas que transformarão o mundo”: o vegetarianismo no Brasil e a Sociedade Vegetariana Brasileira no início do século XX (1913-1930).
Resumo:
A crescente visibilidade que o vegetarianismo adquire pode gerar a ideia de que essa prática é um fenômeno novo e efêmero. Todavia, desde a antiguidade clássica existem indivíduos que defendem e seguem o vegetarianismo, assim como desde o século XIX existem organizações e associações civis vegetarianas que aglutinam ideias e objetivos em comum. No Brasil, pode-se detectar a existência de uma associação desse tipo a partir do ano de 1913 até os anos de 1930: a intitulada Sociedade Vegetariana Brasileira.
Esta pesquisa se concentra no estudo do vegetarianismo no Brasil do início do século XX a partir do caso da Sociedade Vegetariana Brasileira. Objetiva-se entender as circunstâncias em torno do surgimento e do desaparecimento da associação no Brasil, bem como analisar suas ideias, justificativas, finalidades e formas de ação política. Também é do interesse deste estudo a compreensão do modo como a organização se insere no contexto mais amplo de emergência de diversas associações vegetarianas no cenário internacional, delimitando as especificidades que marcam a Sociedade Vegetariana Brasileira e o vegetarianismo no Brasil.
Este trabalho se insere na interface entre História Ambiental e História da Alimentação, partindo do pressuposto de que o vegetarianismo promove uma prática alimentar que se engendra na forma como os humanos concebem e se relacionam com os outros animais e com a natureza de um modo geral. Visa-se contribuir à compreensão de uma temática ainda pouco abordada na historiografia brasileira, selecionando um momento essencial no qual o vegetarianismo toma corpo enquanto movimento entre os séculos XIX e XX em diversas partes do mundo.