O Acre como caricatura: História, natureza e as representações sobre o “vazio”, o “distante” e o “inferior”
Nesta quinta-feira, 07/11, às 14h, apresentação de Francisco Bento da Silva, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Acre e pós-doutorando no PPGHIS.
O foco ventral é discutir questões relacionadas à forma como o Acre é retratado em âmbito nacional e local a desde o período em que começam as disputas pelo território entre bolivianos e brasileiros, passando pela sua incorporação ao Brasil (1903) até o fim do Território Federal do Acre em 1962. Essas imagens e representações têm como suportes matérias de jornais, charges, versos, canções, relatos de viagens, obras memorialísticas, obras literárias e relatórios oficiais que mostram o Acre como um lugar que vai de uma espécie de inferno ou ao seu oposto, um paraíso edênico e terreal, tendo uma natureza como centralidade dessas representações e imagens potentes. Nas décadas finais do XIX e iniciais do XX o Acre é apresentado comumente como uma localidade distante do Brasil, situado nos “confins” da Amazônia e habitado por “selvagens” e sertanejos “tumultuários” migrantes do “nordeste”, tornando-se objeto de múltiplos discursos que o generalizam, estereotipam e estigmatizam o lugar (espaço/natureza) e a sociedade local no período em destaque (tempo).
Para articular a analise do material empírico das fontes primárias com as categorias conceituais utilizadas nesta proposta de trabalho, iremos dialogar e se apoiar em estudos e discussões de alguns autores como: George Didi-Huberman (2017), como sua obra Diante do tempo: historia da arte e anacronismo das imagens; deste mesmo autor, Quando as imagens tomam posição: O olho da história (2015); Walter Benjamin (2013), O anjo da história; Stuart Hall (2013), Cultura e representação; Durval M. Albuquerque Junior (2007), História, a arte de inventar o passado; Luciana Murari (2007), Brasil, ficção geográfica; Roger Chartier (2011), O passado no presente: ficção e memória; David Arnold (2000), La naturaleza como problema histórico; Outras naturezas, outras culturas, Phillipe Descola (2016); e, Tim Ingold & Gisli Palsson (2013), Biosocial becomings, entre outros autores que forem pertinentes ao debate relacionado à temática de pesquisa apresentada.