Pré-defesa de doutorado de Gabriel Pereira Oliveira – “O céu está muito alto e o imperador muito longe”: as matas de caatinga e a questão climática no Império brasileiro (1825-1884)”
Nesse encontro Gabriel Pereira apresentou sua defesa de doutorado intitulada “O céu está muito alto e o imperador muito longe”: as matas de caatinga e a questão climática no Império brasileiro (1825-1884). Gabriel defendeu no dia 20 de julho de 2020 e teve sua tese aprovada com louvor.
Resumo: Neste estudo, eu argumento que fenômenos do clima e as discussões a seu respeito foram, de diferentes formas ao longo do século XIX, importantes para os arranjos políticos e sociais do Império brasileiro. Analiso essa questão a partir das discussões a respeito dos “sertões áridos” do então chamado Norte do Brasil entre 1825 e 1884. As maneiras de lidar com experiências de desastre, em especial as secas, e de situar e dar sentido a essa porção territorial distante da sede do poder monárquico evidenciam uma série de disputas entre elites provinciais de diferentes partes do território monárquico e destas com a Corte imperial. Com base em fontes como anais parlamentares, relatórios dos poderes monárquico e provinciais e estudos de engenheiros, investigo como esses fenômenos do clima foram fundamentais para manter uma ordem que privilegiava a uns poucos em meio a uma sociedade escravocrata e profundamente desigual. Essa pesquisa contribui com os debates historiográficos ao mostrar o peso e as particularidades das discussões sobre clima e seca no decorrer do século XIX, já antes do suposto marco de 1877. Ao mesmo tempo, isso evidencia a importância da historiografia para aprofundar os debates e mobilizações em torno da questão climática hoje, em meio ao cenário de emergência climática que vivemos.