Reunião LabHeN – 02/09/2021

Neste encontro, nosso colega de laboratório e doutorando em História Social (PPGHIS/UFRJ), Bruno Araújo, apresentou sua pesquisa “Conexões entre o indigenismo latino americano, agricultura e natureza a partir da experiência da Escuela-Ayllu de Warisata (1931-1940)”.

Resumo:

O “problema del índio” foi como ficou conhecida a preocupação em estabelecer um lugar para o indígena na formação dos Estados nacionais na América Latina a partir da virada do século XIX para o século XX. A atuação sistemática dessa tentativa formou o que se convencionou chamar indigenismo, um campo de disputa que via a educação indígena como uma das saídas possíveis para a sua resolução. Para tal, predominaram iniciativas integracionistas que nem sempre levavam em conta os saberes locais construídos historicamente para a realização desse processo educacional. Dentre eles, os saberes em relação ao ambiente biofísico ou a própria memória bio-cultural desses povos.
Esta pesquisa versa sobre as interações de alguns povos andinos com a natureza local a partir de um modelo pedagógico específico desenvolvido na experiência da Escuela-Ayllu de Warisata, Bolívia (1931-1940). Os debates acerca do lugar dos indígenas no cenário nacional e latino-americano, o papel da educação nesse processo de integração ou assimilação e as relações entre os saberes indígenas e o meio ambiente do altiplano são alguns dos aspectos que estavam em disputa tanto no campo intelectual indigenista como na prática, entre as comunidades indígenas e os grandes proprietários de terra. Será a partir dessa experiência e com a contribuição da história intelectual e da história ambiental que pretendemos analisar esse embate epistemológico na formação do indigenismo que abarcaria o conceito de ambiente e suas transformações a partir da relação com o humano e seus saberes ecológicos. Para isso, tentaremos nos distanciar das dicotomias clássicas do pensamento ocidental, integrando os aspectos sociais, culturais e ambientais na compreensão de um pensamento transnacional indigenista na América Latina. Acreditamos que a experiência de Warisata, ao atrelar aspectos da tradição aymara/quechua à ideais modernos como o da produtividade e da cidadania, revelou ser um modelo híbrido de educação e um espaço de interstício de epistemologias na geração de novos agentes sociais.

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