Debate sobre o projeto de pós-doutorado “Construindo um projeto: clima e gafanhotos” da nossa integrante Valéria Dorneles Fernandes. Influências climáticas e ambientais na formação de nuvens dos gafanhotos (S. Cancellata) na Argentina e na região da Chaquenha durante os anos 1897 e 1960
O projeto de pesquisa visa analisar quais foram os fatores climáticos e ambientais ocorridos no Gran Chaco que desenvolveram os processos migratórios do gafanhoto Schistocerca Cancellata (Burm. 1950) durante os anos de 1890 a 1960. O gafanhoto da América do Sul da espécie S. cancellata é nativa dessa região e sua principal característica é a capacidade de passar de uma fase solitária para uma fase gregária e migratória. Na fase migratória, o gafanhoto move-se da região do Chaco argentino, boliviano e paraguaio, e atravessa outras regiões, especialmente a região dos pampas da Argentina, Uruguai e Brasil. Os primeiros registros históricos desse grande movimento migratório datam de 1897 e diminuíram em meados da década de 1950, sendo observados, novamente, com grande expansão, em 2020. A mudança da fase de solitário para gregário é desenvolvida por fatores de mudanças climáticas que ocorreu em seu habitat de permanência na fase solitária (área de remissão), neste caso, na região do Chaco (HUNTER; COSENZO, 1990). Os maiores picos migratórios de S. cancellata foram nos anos 1897, 1907, 1933-34 e 1946, o que gerou diferentes desenvolvimentos políticos e científicos nos países da América do Sul (FERNANDES, 2020). A influência do clima na formação das nuvens de gafanhotos e seu processo migratório só foi identificada a partir de 1960. Anteriormente, não há identificação na literatura de quais foram os fatores ambientais e climáticos que influenciaram a formação das nuvens. As nuvens de gafanhoto têm origem no Chaco argentino, boliviano e paraguaio. No entanto, para entender este processo de pragas de gafanhotos na América do Sul, é importante que uma investigação original seja realizada na Argentina. Pois a Argentina, historicamente, é o país que mais sofreu com o impacto das infestações de gafanhotos e, consequentemente, também exerceu liderança política e científica na região para enfrentar esse problema. Assim, grande parte das fontes primárias desse período foram produzidas por órgãos oficiais do governo argentino e também por outras instituições argentinas, como jornais, sociedades científicas e produtores de grãos, etc.