Encontro LabHeN – 16/05/2019

Itaipu ou Sete Quedas: uma história ambiental do planejamento da hidrelétrica mais produtiva do mundo, 1962-1982

 Matthew Johnson,  doutorando em história ambiental na Universidade de Georgetown em Washington D.C. (EUA)

No dia 25 de outubro, 1982, o reservatório da hidrelétrica de Itaipu cobriu as cachoeiras de Sete Quedas, uma maravilha natural na fronteira de Brasil e Paraguai. Sete Quedas era a maior cachoeira no mundo medido por volume e em 1961 o governo brasileiro criou um parque nacional para preservar as famosas quedas. Em 1973, os governos militares de Brasil e Paraguai decidiram construir Itaipu—a hidrelétrica mais produtiva do mundo—cuja construção ocasionou a destruição do amado parque nacional. Os governos militares que planejaram Itaipu lamentaram a perda de Sete Quedas, mas argumentaram que foi um sacrifício necessário para o progresso material. Foi Itaipu ou Sete Quedas: progresso material ou preservação natural. Historiadores que escreverem sobre Itaipu não tinham questionado esta narrativa, e até aqueles estudando o impacto ambiental da barragem prestaram pouca atenção aos debates durante na fase de planejamento e o papel da preservação de natureza na escolha do local da barragem. 
            A escolha não foi restrita a Itaipu ou Sete Quedas. Otávio Marcondes Ferraz, lenda da engenharia Brasileira e anterior presidente de Eletrobras, desenhou uma barragem a montante das quedas que as teria salvo. Porém, o plano dele foi descartado imediatamente porque foi politicamente inviável. O desenho incluia um canal que teria desviado o Rio Paraná no lado Brasileiro da fronteira, trazendo água a uma casa de força no território brasileiro, o que foi inaceitável aos vizinhos Paraguaios. Esta apresentação trata da história do plano de Marcondes Ferraz e o papel da preservação de natureza nos debates sobre a escolha do site da barragem que resultaram na construção de Itaipu e na inundação de Sete Quedas.

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