Encontro LabHeN – 10/09/2020

História Ambiental Urbana

A História Ambiental se propõe a tratar do lugar da natureza na vida humana, e a História Ambiental Urbana das relações dos citadinos com os elementos naturais no meio ambiente das cidades. O encontro propôs discutir as possibilidades de análise das relações entre natureza e cidades, e assim fomentar debate sobre as contribuições de pesquisas que alinhem as relações entre cidade, natureza e a história.

Texto para o debate

SEDREZ, Lise. “Natureza Urbana Na América Latina: Cidades Diversas e Narrativas Comuns.” RCC Perspectives, no. 7, 2013, pp. 59–66. JSTOR.

Encontro LabHeN – 20/08/2020

No dia 20/08 retomamos nossas atividades (2020.2). Nossa reunião de abertura teve a apresentação do professor Paulo Fontes (IH – UFRJ), intitulada “Memórias de um Rio Fabril: desindustrialização, história do trabalho e nostalgia”. A partir da exibição do curta metragem Memórias de um Rio Fabril (2017) essa apresentação discutiu o papel da industrialização na configuração do espaço urbano e do imaginário sobre a  cidade do Rio de Janeiro e como os processos de desindustrialização, ainda pouco estudados, têm afetado diversas comunidades e a construção de memórias, em particular, das classes trabalhadoras.

Assista a este encontro no canal do LabHeN no YouTube.

Encontro LabHeN – 16/07/2020

Pré-defesa de doutorado de Lucas Erichsen – História Desanima(liza)da: os matadouros da cidade do Rio de Janeiro (1777-1881).

Nesse encontro Lucas Erichsen apresentou sua tese de doutorado intitulada História Desanima(liza)da: os matadouros da cidade do Rio de Janeiro (1777-1881).

Resumo: Os matadouros públicos foram instituições ordenadas pelo Estado onde a matança de animais para o consumo humano deveria ser concentrada, ao contrário das matanças que anteriormente aconteciam em quintais, mercados de rua ou celeiros, assim também como foram ambientes que permitiram controlar a sanidade da carne animal para que esta não contaminasse populações humanas ao mesmo tempo em que fosse possível exercer maior poder tanto sobre os corpos que eram desanima(liza)dos quanto aos corpos que lá executavam as mais diversas etapas da desanima(liza)ção.
Ainda, e como parte deste processo, ao longo do século XIX os matadouros públicos foram afastados da presença da população humana por meio de um progressivo deslocamento desses espaços de matança para a periferia das cidades ou, pelo menos, a relativa distância de crescentes populações que habitavam o ambiente urbano. Para dar forma a uma narrativa que consiga explorar a densidade destes processos em sua historicidade, arregimentaremos a história ambiental por se tratar de um campo que localiza os acontecimentos históricos não apartados do mundo biofísico com a história ambiental urbana por esta apontar que cidades não são cristais e, portanto, constituintes de um mundo onde natural e cultural não estão cindidos e a história humano-animal por esta considerar os animais não humanos como agentes relevantes aos processos históricos. Campos historiográficos que aliados e constituintes de uma tópica conceitual servirão como lentes para evidenciar uma narrativa historiográfica das―presenças ausentes‖ do mundo biofísico e de algumas espécies animais no contexto dos três matadouros públicos do Rio de Janeiro entre 1777 e 1881: o matadouro da praia de Santa Luzia, o matadouro de São Cristóvão nos mangues ao norte da cidade e o matadouro de Santa Cruz por sobre as pastagens da então Fazenda Imperial. Em suma, esta tese se trata de uma história da cidade do Rio de Janeiro que visa dar forma a historicidade das constantes interações entre humanos, ambiente e animais não humanos por meio dos matadouros públicos na cidade do Rio de Janeiro.

A Transposição do Rio São Francisco e a História

Gabriel Pereira Oliveira (IFRN, PPGHIS/UFRJ)

“Quem controla o passado controla o futuro;

quem controla o presente controla o passado”

George Orwell, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro

Escrita logo após a Segunda Guerra Mundial como parte da obra clássica Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, a frase acima de George Orwell mostra-se cada vez mais inspiradora nos dias de hoje. Especialmente em tempos de crise, a busca de monopólio sobre as narrativas históricas torna-se estratégia decisiva para a afirmação de projetos de poder. O destaque sobre determinados eventos gloriosos ou traumáticos, sobre pretensos heróis ou vilões, tudo isso é fundamental aos arranjos sociais e políticos das mais diferentes sociedades. Aliás, não é estranho vermos o quanto alguns nomes e experiências, em geral ligadas a homens brancos e de alto prestígio, costumam ser enaltecidas por uma história oficial. Ao mesmo tempo, esse processo é acompanhado por tentativas de se deixar de fora da história uma imensidão de outras e outros protagonistas, humanos e não-humanos.

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