Neste encontro, nosso colega de laboratório e doutorando do PPGHIS/UFRJ, Cainã Gusmão, compartilhou conosco sua pesquisa “O espaço público e sua Natureza: subjetividade e poder nas disputas sobre o meio ambiente em Niterói”.
Resumo:
Tomando como estudo de caso a emergência da questão ambiental na cidade de Niterói (RJ) nos anos 1980, a tese se insere no debate sobre a formação do ambientalismo enquanto fenômeno público no Brasil, que acontece, notadamente, nas últimas três décadas do século XX. Serão apresentados dois capítulos da tese. O primeiro abordando as principais hipóteses e reflexões que tem orientado o debate. O segundo capítulo busca, com base no estruturalismo genético de Pierre Bourdieu, compreender a relação entre a subjetividade de diferentes grupos que disputam a questão ambiental no período e a formação de um debate público ambiental em Niterói. Parte-se do seguinte pressuposto: a cultura legítima passa, na modernidade, a ser apresentada e reconhecida como universal, marginalizando, estigmatizando e desclassificando aqueles que não a possuem. Assim, há uma tendência à universalização do reconhecimento da validade de uma cultura cujas condições de acesso e domínio são restritas a uma minoria da população, e esse elemento é fundante da dinâmica do espaço público e dos conceitos que nele circulam (inclusive o de natureza). São analisadas entrevistas de ativistas, pescadores, documentos produzidos por movimentos ambientalistas e fontes sobre o debate ambiental da época investigando a sua relação com a dinâmica do espaço público de Niterói e como isso influenciou a formação do debate ambiental na cidade.