Reunião LabHeN – 16/09/2021

Neste encontro, nossa colega de laboratório e doutoranda em História Social (PPGHIS/UFRJ), Hana Mariana Costa, apresentou sua pesquisa “Trabalhando o sal: natureza e sociedade no processo de industrialização da salicultura na Região dos Lagos Fluminense (1940 – 1970)”.

Resumo:

O presente trabalho tem por objeto a produção salineira no entorno da Lagoa de Araruama onde hoje se localizam os municípios de Saquarema, Araruama e Cabo Frio, durante os anos de 1940 a 1980.  O objetivo consiste em investigar as dinâmicas socioambientais existentes na região e suas transformações ao longo da industrialização da atividade salineira. 
Produção voltada para o abastecimento do mercado interno regional, a salicultura desenvolveu-se à margem da Lagoa de Araruama e no litoral do Rio de Janeiro em salinas artificiais a partir da segunda metade do século XIX.  A grande extração de sal e a industrialização da atividade deram-se na primeira metade do século XX, tendo como momento importante a aplicação da política desenvolvimentista de Vargas na região a partir dos anos de 1940. Transformações na produção e a sua diminuição começaram na década de 1970, período marcado pela consolidação do turismo como a principal atividade da região.
O uso de fontes primárias como documentos disponíveis no Arquivo Nacional sobre o Instituto Nacional do Sal, relatórios das salinas e aforamentos disponíveis na Câmara Municipal de Cabo Frio, fotografias, periódicos, e a coleta de relatos de moradores da região, nos permitirão analisar as relações entre as comunidades humanas da restinga e as salinas.
Buscamos aqui a compreensão das transformações na Região dos Lagos Fluminense a partir de um projeto político de industrialização nacional, que levou a produção salineira para além do abastecimento regional. Essa mudança deixou reflexos não só na produção do sal, mas também em seus trabalhadores e nas formas destes se relacionarem com o trabalho nas salinas e com outras atividades que exerciam.
Por isso, buscamos como suporte teórico as bibliografias sobre trabalho e natureza que tragam esses dois conceitos de forma complementar. Essa pesquisa insere-se na perspectiva interdisciplinar da História Ambiental com as ciências sociais e as ciências naturais, além de refletir o anseio de historicizar a relação entre o homem, o trabalho e a natureza.
A presente exposição no LabHeN é fruto do andamento da pesquisa para o processo de qualificação de doutoramento. Nesse sentido, ainda mostra-se incompleta e aberta a contribuições e ideias. É importante ressaltar que devido à Pandemia da COVID-19 caminhos tiveram que ser alterados assim como a escolha de algumas fontes.

Reunião LabHeN – 09/09/2021

Neste encontro, nossa colega de laboratório e mestranda em História Social (PPGHIS/UFRJ), Janaína Di Lourenço Esteves, compartilhou conosco sua pesquisa “Serão as frutas que transformarão o mundo”: o vegetarianismo no Brasil e a Sociedade Vegetariana Brasileira no início do século XX (1913-1930).

Resumo:

A crescente visibilidade que o vegetarianismo adquire pode gerar a ideia de que essa prática é um fenômeno novo e efêmero. Todavia, desde a antiguidade clássica existem indivíduos que defendem e seguem o vegetarianismo, assim como desde o século XIX existem organizações e associações civis vegetarianas que aglutinam ideias e objetivos em comum. No Brasil, pode-se detectar a existência de uma associação desse tipo a partir do ano de 1913 até os anos de 1930: a intitulada Sociedade Vegetariana Brasileira.

Esta pesquisa se concentra no estudo do vegetarianismo no Brasil do início do século XX a partir do caso da Sociedade Vegetariana Brasileira. Objetiva-se entender as circunstâncias em torno do surgimento e do desaparecimento da associação no Brasil, bem como analisar suas ideias, justificativas, finalidades e formas de ação política. Também é do interesse deste estudo a compreensão do modo como a organização se insere no contexto mais amplo de emergência de diversas associações vegetarianas no cenário internacional, delimitando as especificidades que marcam a Sociedade Vegetariana Brasileira e o vegetarianismo no Brasil.

Este trabalho se insere na interface entre História Ambiental e História da Alimentação, partindo do pressuposto de que o vegetarianismo promove uma prática alimentar que se engendra na forma como os humanos concebem e se relacionam com os outros animais e com a natureza de um modo geral. Visa-se contribuir à compreensão de uma temática ainda pouco abordada na historiografia brasileira, selecionando um momento essencial no qual o vegetarianismo toma corpo enquanto movimento entre os séculos XIX e XX em diversas partes do mundo. 

Reunião LabHeN – 02/09/2021

Neste encontro, nosso colega de laboratório e doutorando em História Social (PPGHIS/UFRJ), Bruno Araújo, apresentou sua pesquisa “Conexões entre o indigenismo latino americano, agricultura e natureza a partir da experiência da Escuela-Ayllu de Warisata (1931-1940)”.

Resumo:

O “problema del índio” foi como ficou conhecida a preocupação em estabelecer um lugar para o indígena na formação dos Estados nacionais na América Latina a partir da virada do século XIX para o século XX. A atuação sistemática dessa tentativa formou o que se convencionou chamar indigenismo, um campo de disputa que via a educação indígena como uma das saídas possíveis para a sua resolução. Para tal, predominaram iniciativas integracionistas que nem sempre levavam em conta os saberes locais construídos historicamente para a realização desse processo educacional. Dentre eles, os saberes em relação ao ambiente biofísico ou a própria memória bio-cultural desses povos.
Esta pesquisa versa sobre as interações de alguns povos andinos com a natureza local a partir de um modelo pedagógico específico desenvolvido na experiência da Escuela-Ayllu de Warisata, Bolívia (1931-1940). Os debates acerca do lugar dos indígenas no cenário nacional e latino-americano, o papel da educação nesse processo de integração ou assimilação e as relações entre os saberes indígenas e o meio ambiente do altiplano são alguns dos aspectos que estavam em disputa tanto no campo intelectual indigenista como na prática, entre as comunidades indígenas e os grandes proprietários de terra. Será a partir dessa experiência e com a contribuição da história intelectual e da história ambiental que pretendemos analisar esse embate epistemológico na formação do indigenismo que abarcaria o conceito de ambiente e suas transformações a partir da relação com o humano e seus saberes ecológicos. Para isso, tentaremos nos distanciar das dicotomias clássicas do pensamento ocidental, integrando os aspectos sociais, culturais e ambientais na compreensão de um pensamento transnacional indigenista na América Latina. Acreditamos que a experiência de Warisata, ao atrelar aspectos da tradição aymara/quechua à ideais modernos como o da produtividade e da cidadania, revelou ser um modelo híbrido de educação e um espaço de interstício de epistemologias na geração de novos agentes sociais.

Reunião LabHeN – 26/08/2021

Neste encontro demos prosseguimento às discussões introdutórias em História Ambiental, a partir da leitura de alguns capítulos do livro “Imperialismo Ecológico” de Alfred W. Crosby. Para essa reunião selecionamos os capítulos 1. Prólogo 7. Ervas, 8. Animais, 9. Doenças e 12. Conclusão, com apresentação dos estudantes Geórgia Albuquerque, Isabela Kiselar e Wallace Cardoso, além da mediação de Patrícia Barros.

Reunião LabHeN – 19/08/2021

O cronograma deste semestre será intercalado entre discussões de textos mais introdutórios voltados à História Ambiental e apresentações de pesquisa dos nossos integrantes. Para o segundo encontro, teremos a discussão de dois textos canônicos da área. Nosso objetivo é debater com os graduandos as bases teórico-metodológicas do campo, bem como refletir sobre as atualizações que ocorreram desde então. Os que apresentarão os textos serão Wallace e Val, e todes são muito bem-vindes para contribuir com nossos debates.