Encontro LabHeN – 23/05/2019

A Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN): História das áreas protegidas e das espécies ameaçadas de extinção no Brasil

José Luiz de Andrade Franco – Professor Associado do Departamento de História da Universidade de Brasília

Alyne  dos Santos Gonçalves – bolsista de pós-doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES), no Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).

A presente apresentação trata da história da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN), criada em 1958, e sobre as suas estratégias de atuação.  Com a FBCN o discurso e as práticas relacionadas com a conservação da natureza no Brasil se estruturam em torno de alguns eixos principais, tais como uso dos recursos naturais, educação ambiental, poluição, áreas protegidas e espécies ameaçadas de extinção. Principalmente, a partir de 1966, quando a FBCN foi reestruturada e começou a editar o seu Boletim, ela se configurou como ponto de convergência em torno da ideia de conservação da natureza.
O foco da apresentação será nas elaborações conceituais e ações promovidas pela FBCN para a criação e manejo de áreas protegidas e para o monitoramento e proteção de espécies da fauna e da flora brasileiras ameaçadas de extinção. Trata-se de compreender, também, como estas duas temáticas foram, ao longo do tempo, se constituindo como os principais temas da FBCN.
          Para tanto, apresentamos, como estudo de caso, algumas articulações políticas protagonizadas por um dos membros da FBCN: o naturalista capixaba Augusto Ruschi (1915-1986). A partir das fontes documentais encontradas no Arquivo Augusto Ruschi, descortinamos aspectos da rede institucional mobilizada através dessa ONG, como parte da estratégia de proteção de áreas naturais contra investidas empresariais.
      Finalizamos com uma breve apresentação do Programa de Capacitação Institucional do Instituto Nacional da Mata Atlântica (PCI – INMA/MCTIC), recém formatado para o tratamento arquivístico de acervos pessoais de outros cientistas e militantes ligados à FBCN, cujo objetivo principal é a organização de novas fontes de pesquisa para a história da conservação da natureza na Brasil e no mundo.

Encontro LabHeN – 16/05/2019

Itaipu ou Sete Quedas: uma história ambiental do planejamento da hidrelétrica mais produtiva do mundo, 1962-1982

 Matthew Johnson,  doutorando em história ambiental na Universidade de Georgetown em Washington D.C. (EUA)

No dia 25 de outubro, 1982, o reservatório da hidrelétrica de Itaipu cobriu as cachoeiras de Sete Quedas, uma maravilha natural na fronteira de Brasil e Paraguai. Sete Quedas era a maior cachoeira no mundo medido por volume e em 1961 o governo brasileiro criou um parque nacional para preservar as famosas quedas. Em 1973, os governos militares de Brasil e Paraguai decidiram construir Itaipu—a hidrelétrica mais produtiva do mundo—cuja construção ocasionou a destruição do amado parque nacional. Os governos militares que planejaram Itaipu lamentaram a perda de Sete Quedas, mas argumentaram que foi um sacrifício necessário para o progresso material. Foi Itaipu ou Sete Quedas: progresso material ou preservação natural. Historiadores que escreverem sobre Itaipu não tinham questionado esta narrativa, e até aqueles estudando o impacto ambiental da barragem prestaram pouca atenção aos debates durante na fase de planejamento e o papel da preservação de natureza na escolha do local da barragem. 
            A escolha não foi restrita a Itaipu ou Sete Quedas. Otávio Marcondes Ferraz, lenda da engenharia Brasileira e anterior presidente de Eletrobras, desenhou uma barragem a montante das quedas que as teria salvo. Porém, o plano dele foi descartado imediatamente porque foi politicamente inviável. O desenho incluia um canal que teria desviado o Rio Paraná no lado Brasileiro da fronteira, trazendo água a uma casa de força no território brasileiro, o que foi inaceitável aos vizinhos Paraguaios. Esta apresentação trata da história do plano de Marcondes Ferraz e o papel da preservação de natureza nos debates sobre a escolha do site da barragem que resultaram na construção de Itaipu e na inundação de Sete Quedas.

Encontro LabHeN – 09/05/2019

“Eu não dei o meu dinheiro para inglês nenhum”: o ideal de nação e a seca de 1825 no norte do Brasil

 Gabriel Pereira, doutorando do PPGHIS/UFRJ, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 

A década de 1820 foi muito importante para a edificação do Estado monárquico brasileiro. Desde as disputas em torno das definições de aparatos políticos e institucionais até guerras de fato, como foi o caso da Confederação do Equador ou da Cisplatina, aquele momento inicial do Império também viu bem de perto o desafio de como lidar com a noção de “desastre” e de “socorro” a partir da seca no norte. Este artigo analisa a importância dessa intempérie no jogo político de definições do Império e de conformação de um lugar para aquela porção nortista, tão distante geográfica e politicamente da Corte no Rio de Janeiro. Com base em documentos como os anais parlamentares do Império, esta pesquisa busca ampliar a discussão historiográfica que considera a seca como tema relevante somente a partir de 1877 e compreender como, ante o desafio de difusão da ordem monárquica, o flagelo comovente em torno da escassez de chuvas tornou-se uma arma política muito peculiar naquela época, tanto ao governo imperial como também a outros grupos espalhados pelo Brasil.

Encontro LabHeN – 02/05/2019

Favela e cidade: a visibilidade da favela do Morro da Babilônia pelos jornais (1900-1970)

Natasha Augusto Barbosa, mestranda do PPGHIS/UFRJ

Será apresentada uma reflexão sobre a construção dos tipos de visibilidade da favela do Morro da Babilônia pelas páginas de três jornais, O Paiz (1900-1934), Correio da Manhã (1901-1974) e O Globo (1925-2015).  A argumentação deste capítulo pondera a visibilidade da favela do Morro da Babilônia em sua relação com a cidade formal. Entendendo que as imagens da favela e da cidade se constroem em oposição. A cidade contra a “desordem favelada”, e a favela por falta de um projeto de cidade inclusivo. Porém, ainda sim, partes do mesmo todo urbano. 

Encontro LabHeN – 11/04/2019

O verde nos anos dourados: desenvolvimentismo e proteção à natureza no governo JK –

Filipe Oliveira da Silva, doutorando do PPGHIS/UFRJ

A gestão presidencial de Juscelino Kubitschek (1956-1961) é marcada na historiografia pela sua política nacional-desenvolvimentista. A esteira disso, os estudos que o remetem, por vezes, sublimaram a agência da natureza durante esta conjuntura ou trataram-na de maneira secundária e pouco significativa para a compreensão deste período. No escasso leque de trabalhos que a mencionam, o enfoque é concedido às práticas destrutivas no mundo biofísico, destacando-se o avanço das fronteiras para o Oeste do território nacional, através da construção da nova capital federal, Brasília. Não ocultando esta face já conhecida da política JK, este trabalho busca realçá-la à proposta concomitante de proteção das matas brasileiras. Pretende-se investigar que, em meio a aceleração do processo urbano-industrial, a elite técnica juscelinista articulou iniciativas de minimização da degradação das florestas. Para tanto, emprega-se um volume diversificado de fontes que abrangem materiais das campanhas organizadas, os relatos da imprensa, os discursos elaborados pelo presidente e seus assessores, documentação oficial elaborada pelas instâncias governamentais, as correspondências trocadas entre intelectuais, bem como os relatos memorialísticos de agentes executores destas práticas de reflorestamento.