Confira a entrevista da playlist Minha História Ambiental do LUTZ Global YouTube com o professor e coordenador do LabHeN José Augusto Pádua.
“José Augusto Pádua falou sobre sua trajetória acadêmica, a importância de José Lutzenberger (o Lutz Global) na sua carreira de ambientalista, seu período na Greenpeace e como conciliou a militância com a academia. Nos brindou com uma aula sobre o Antropoceno, e revelou como encara a questão ambiental planetária hoje.”
Dossiê “História e Natureza: diferentes abordagens, fontes e debates”, publicado pela revista Jamaxi e organizado pelos nossos colegas Francisco Bento da Silva e Hana Mariana da Cruz Ribeiro Costa.
Com os professores coordenadores do LabHeN UFRJ, Lise Sedrez e José Augusto Pádua.
26 nov 2021, sexta-feira, às 18h.
A pandemia de covid-19 alavancou diversas inquietações sociais, dentre elas a relação humana com o mundo não humano. Nesse período, a História Ambiental seguiu mostrando suas importantes contribuições para essa temática, e pudemos perceber um maior interesse no campo tanto pelas redes sociais quanto pela chegada de mais graduandos da UFRJ em nosso laboratório. Por isso, nossa proposta com essa live é promover uma abordagem introdutória sobre História Ambiental, visando contemplar não somente os novos que estão chegando e conhecendo esse campo, como também os antigos que buscam revisitar e refletir sobre as bases da disciplina, sua história, suas contribuições e seu constante papel frente aos desafios contemporâneos.
Neste encontro, nossa colega de laboratório e mestranda do PPGHCS/COC/Fiocruz, Paula Fortini, compartilhou conosco sua pesquisa “Por uma comida sem veneno”: a formação do movimento agroecológico no Rio de Janeiro (1979-1985).
Resumo:
Tenho como objeto de pesquisa o processo de formação do movimento agroecológico na cidade do Rio de Janeiro iniciado na década de 1970 até o ano de 1985. O objetivo de investigar tal movimento é analisar os debates ambientais que motivaram o seu surgimento e averiguá-lo enquanto movimento social e científico de resistência à política pública de produção agrícola hegemônica implantada no Brasil, a qual defende e aplica o uso intensivo de agrotóxicos. Avalio também a relação entre saúde e alimentação na formação do movimento.
O casal Joaquim Moura e Ligia Lara escreveu uma carta aos leitores do Jornal do Brasil, em 1979, intitulada “Por uma comida sem veneno”, que tinha como ideais a busca por alternativas para o consumo de “alimentos frescos, puros e baratos”, ou seja, naturais e com preço justo, e a criação de um modelo de vida mais sustentável. Assim, um grupo de pessoas que compartilhava das mesmas ideias se reuniu no Parque Lage da cidade do Rio de Janeiro e debateu alternativas alimentares e de produção. O que busco demonstrar é que a carta e reunião geraram grande mobilização que pode ser examinada como marcos iniciais do movimento agroecológico local. Pressuponho que este implicou a busca por transformações na dinâmica produtiva no campo, na relação homem-natureza-saúde e na dinâmica mercadológica de consumo.
Para analisar os debates sobre a emergência do movimento agroecológico na cidade do Rio de Janeiro, privilegiei o periódico Jornal do Brasil, encontrado na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. A pesquisa exclusivamente digital tornou-se fundamental na conjuntura atual de crise sanitária e fechamento de instituições arquivísticas. Este Jornal também foi escolhido depois de um levantamento geral na base e por ter sido o periódico que mais centralizou qualitativamente e quantitativamente o debate da agricultura alternativa ou natural no período estudado.