Reunião LabHeN – 07/10/2021

Neste encontro, contamos com a apresentação da nossa colega de laboratório Natascha Otoya, com o título “Narrativas de esperança na História Ambiental”.

Resumo:

Em seu famoso discurso presidencial da Associação Americana de História Ambiental (ASEH) em 1993, William Cronon ponderou que um dos desafios da história ambiental seria produzir narrativas que fugissem do declencionismo e apresentassem uma perspectiva de esperança. Desde então, diversas pesquisas em HA, além de encontros, dossiês e conferências têm acontecido focando a temática da esperança. Também baseada nessa premissa, aconteceu em maio de 2021 a conferência “Hazardous Hope” organizada pelo grupo de estudos  Hazardous Travels, do Rachel Carson Center. O texto que irei apresentar é um texto em progresso, fruto da dinâmica da conferência e de minha pesquisa em andamento sobre um personagem histórico periférico que trabalhou sob duras condições ambientais contribuindo com o início da exploração de petróleo no Brasil, sem receber reconhecimento nem pagamento, mas sem nunca perder a esperança. Quando terminado, o texto integrará uma proposta de dossiê para a revista Environmental Humanities.

Reunião LabHeN – 23/09/2021

Neste encontro continuamos as discussões introdutórias em História Ambiental, a partir dos textos The Wall and the Ivy: environmental narratives from an urban continent, de Lise Sedrez e Regina Horta Duarte, e Margens Indomáveis: cogumelos como espécies companheiras, de Ana Tsing. Contamos com a apresentação de Igor Valamiel e Paula Fortini, além da mediação de Valéria Fernandes.

Reunião LabHeN – 16/09/2021

Neste encontro, nossa colega de laboratório e doutoranda em História Social (PPGHIS/UFRJ), Hana Mariana Costa, apresentou sua pesquisa “Trabalhando o sal: natureza e sociedade no processo de industrialização da salicultura na Região dos Lagos Fluminense (1940 – 1970)”.

Resumo:

O presente trabalho tem por objeto a produção salineira no entorno da Lagoa de Araruama onde hoje se localizam os municípios de Saquarema, Araruama e Cabo Frio, durante os anos de 1940 a 1980.  O objetivo consiste em investigar as dinâmicas socioambientais existentes na região e suas transformações ao longo da industrialização da atividade salineira. 
Produção voltada para o abastecimento do mercado interno regional, a salicultura desenvolveu-se à margem da Lagoa de Araruama e no litoral do Rio de Janeiro em salinas artificiais a partir da segunda metade do século XIX.  A grande extração de sal e a industrialização da atividade deram-se na primeira metade do século XX, tendo como momento importante a aplicação da política desenvolvimentista de Vargas na região a partir dos anos de 1940. Transformações na produção e a sua diminuição começaram na década de 1970, período marcado pela consolidação do turismo como a principal atividade da região.
O uso de fontes primárias como documentos disponíveis no Arquivo Nacional sobre o Instituto Nacional do Sal, relatórios das salinas e aforamentos disponíveis na Câmara Municipal de Cabo Frio, fotografias, periódicos, e a coleta de relatos de moradores da região, nos permitirão analisar as relações entre as comunidades humanas da restinga e as salinas.
Buscamos aqui a compreensão das transformações na Região dos Lagos Fluminense a partir de um projeto político de industrialização nacional, que levou a produção salineira para além do abastecimento regional. Essa mudança deixou reflexos não só na produção do sal, mas também em seus trabalhadores e nas formas destes se relacionarem com o trabalho nas salinas e com outras atividades que exerciam.
Por isso, buscamos como suporte teórico as bibliografias sobre trabalho e natureza que tragam esses dois conceitos de forma complementar. Essa pesquisa insere-se na perspectiva interdisciplinar da História Ambiental com as ciências sociais e as ciências naturais, além de refletir o anseio de historicizar a relação entre o homem, o trabalho e a natureza.
A presente exposição no LabHeN é fruto do andamento da pesquisa para o processo de qualificação de doutoramento. Nesse sentido, ainda mostra-se incompleta e aberta a contribuições e ideias. É importante ressaltar que devido à Pandemia da COVID-19 caminhos tiveram que ser alterados assim como a escolha de algumas fontes.

Reunião LabHeN – 09/09/2021

Neste encontro, nossa colega de laboratório e mestranda em História Social (PPGHIS/UFRJ), Janaína Di Lourenço Esteves, compartilhou conosco sua pesquisa “Serão as frutas que transformarão o mundo”: o vegetarianismo no Brasil e a Sociedade Vegetariana Brasileira no início do século XX (1913-1930).

Resumo:

A crescente visibilidade que o vegetarianismo adquire pode gerar a ideia de que essa prática é um fenômeno novo e efêmero. Todavia, desde a antiguidade clássica existem indivíduos que defendem e seguem o vegetarianismo, assim como desde o século XIX existem organizações e associações civis vegetarianas que aglutinam ideias e objetivos em comum. No Brasil, pode-se detectar a existência de uma associação desse tipo a partir do ano de 1913 até os anos de 1930: a intitulada Sociedade Vegetariana Brasileira.

Esta pesquisa se concentra no estudo do vegetarianismo no Brasil do início do século XX a partir do caso da Sociedade Vegetariana Brasileira. Objetiva-se entender as circunstâncias em torno do surgimento e do desaparecimento da associação no Brasil, bem como analisar suas ideias, justificativas, finalidades e formas de ação política. Também é do interesse deste estudo a compreensão do modo como a organização se insere no contexto mais amplo de emergência de diversas associações vegetarianas no cenário internacional, delimitando as especificidades que marcam a Sociedade Vegetariana Brasileira e o vegetarianismo no Brasil.

Este trabalho se insere na interface entre História Ambiental e História da Alimentação, partindo do pressuposto de que o vegetarianismo promove uma prática alimentar que se engendra na forma como os humanos concebem e se relacionam com os outros animais e com a natureza de um modo geral. Visa-se contribuir à compreensão de uma temática ainda pouco abordada na historiografia brasileira, selecionando um momento essencial no qual o vegetarianismo toma corpo enquanto movimento entre os séculos XIX e XX em diversas partes do mundo.